Dizem que o famoso bolinho caipira foi criado em São José dos Campos para alimentar os devotos que passavam a noite em vigília pascal na Igreja Matriz, entre a Sexta-Feira Santa e o Sábado de Aleluia, para a ação litúrgica Guarda ao Senhor Morto, no início do século XX.
“Atrás da igreja, tinham barraquinhas que vendiam um bolinho com recheio de peixinho lambari, que alimentava os católicos que passavam a noite em vigília pascal”, explica Ângela Savastano, folclorista Museu do Folclore.
Devido a grande abundância dos lambaris no Rio Paraíba e a tradição dos católicos de não comer carne vermelha na semana santa, os bolinhos eram feitos com massa de farinha de milho umedecida com água temperada. “O lambari cru era envolvido por essa massa e as pessoas deixavam a cabeça e o rabo pra fora”, afirma a folclorista.
Bolinho caipira
Com o passar dos anos, os lambaris já não eram mais encontrados no rio e a Igreja Matriz deixou de realizar o rito litúrgico durante a noite. “O bolinho da semana santa parou de ser feito, mas todos estavam acostumados com ele”, diz Ângela. “Foi quando o bolinho passou a ser de carne moída e na festa de São João Festivo”, complementa.
O quitute tradicional das festas juninas se espalhou para o Vale do Paraíba e, em cada cidade da Região, tem sua história diferente.
Em 2006, a Câmara Municipal de São José dos Campos incluiu o bolinho caipira como patrimônio cultural e gastronômico da cidade. “A comida é testemunho da cultura popular”, finaliza Ângela.
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